Herói ou vilão? A mentira contumaz…

O MPLA diz-se profundamente sentido, muito chocado, pelo facto de jovens revolucionários, em representação de uma maioria, sem escola, sem saneamento básico, sem água canalizada, sem emprego, sem esperança e sem futuro, indiferentes às guerras, à tragédia do 27 de Maio de 1977, à bestialidade e boçalidade dos actuais políticos, no poder, terem, estoicamente, escalado (subido) a estátua de António Agostinho Neto, durante a manifestação do dia 10 de Dezembro de 2020, no largo 1.º de Maio, data considerada como da fundação do MPLA.

Por William Tonet

Foi um feito inédito, numa data que é uma farsa, uma aldrabice deslavada, imoral e no esteio de um crime psicológico continuado, praticado por uma organização política, que faz da MENTIRA, uma cultura institucional de fazer mal, individual e colectivamente…

Os jovens fizeram bem?

Independentemente da visão de cada um, da análise parcial ou imparcial, a VERDADE é dos jovens não terem feito MAL!

Eles, enquanto expoentes de uma geração, ostensivamente marginalizada, que nasce na mentira, cresce na mentira, não é, verdadeiramente, jovem face à mentira e, a maioria, morre na MENTIRA, agiu conscientemente, face ao valor residual, que o busto tem, para eles, pois nunca o homem da estátua deixou uma semente, para haver equidade, indistintamente, entre os jovens, paridos no torrão Angola.

Por esta razão, para os jovens que escalaram este monumento partidocrata, exclusivista, Agostinho Neto é uma fraude. Uma imposição ideológica. Uma MENTIRA. De valor NENHUM!

Para a JMPLA tem valor, é um símbolo, quiçá, legítimo, é a essência da democracia.

Porquê? Simples! A maioria destes jovens, nasceu e vive em bairros extremamente degradados, em casas sem canalização, logo, as fezes (cocó) desfilam, “orgulhosamente”, em valas a céu aberto, muitas milionariamente pagas a empresas estrangeiras, com dinheiro que deveria ser aplicado na educação, no transporte escolar, na arquitectura comunitária, fosse o MPLA um partido sério e comprometido, verdadeiramente, com o futuro, indiscriminado dos jovens angolanos e não só os do MPLA…

Mais, é verdade que o MPLA tenha mesmo sido fundado aos 10 dias do mês de Dezembro do ano de 1956?

MENTIRA!

O MPLA não nasceu, não foi constituído em 10 de Dezembro de 1956!
Se é verdade, onde foram enterradas as suas “secundinas”?
Onde nasceu, de concreto?
Quem é a sua “mãe”? E o “pai”?
Quem fez o parto?
Quem apadrinhou tão sublime acto (ou feito) a ter existido?
Para todas estas questões não existem respostas factuais.

O máximo que a cúpula do MPLA apresenta, recorrente e persistentemente é uma sacanagem verbal, invencionice barata e justificativa escabrosa, sem caboucos de blindado convencimento.

É a MENTIRA, que fede, no seu máximo esplendor, faz 65 anos, porquanto o que ocorreu, neste dia, foi um manifesto de Viriato da Cruz, feito em Luanda, para a formação .

Assim as falsas lágrimas de crocodilo, em pleno rio 2020, de profanação política, de desrespeito ao fundador da nação, não convencem, não mobilizam, por falaciosas.

Os jovens profanaram? Desrespeitaram?

Não! Logo é MENTIRA!

Porque o MPLA teima em não aprender com os exemplos positivos da história política mundial, fazendo uma verdadeira introspecção da actuação dos seus líderes, ao longo dos anos?

É, mesmo intramuros, Agostinho Neto uma figura consensual?

Tem ele, estatuto de heroicidade, liderança impoluta, reconhecidos, transversalmente, por todos… NÃO!

Para muitos, Agostinho Neto é uma autêntica fraude.

Um embuste. Um não herói, que profanou a memória colectiva de militantes e cidadãos, selvaticamente assassinados, pela sua desmedida ambição pelo poder, desde os maquis (durante a luta de libertação nacional), tais como, Matias Miguéis (vice-presidente do MPLA), José Miguel Francisco (irmão mais velho do cantor Calabeto), Ferreaso (mulato da Ilha), Paganini, Estrela, Zigueró, Lourenço Casimiro, entre outros e, depois, já nas cidades, Sotto Mayor, Nito Alves, Zé Van-Dúnem e as cerca de 80 mil vítimas do 27 de Maio de 1977.

Estes rios de sangue fizeram e fazem de Agostinho Neto e do MPLA, uma referência negativa, que já não mobiliza, tão pouco cativa.

Pelo simples facto de ter proclamado, em Luanda, a independência nacional, sem a instauração da democracia, como previam os Acordos do Alvor deve ser, aceite e considerado, por todos, fundador da Nação?

Não! Por ser, simplesmente, uma MENTIRA, uma vez que foi incompetente, em fundar, como se impunha antes, a pátria.

Angola, ainda não é, para desgraça colectiva, um verdadeiro país, logo é falacioso, ser considerada uma nação.

Nação é um conceito sociológico e não geográfico.

Angola, enquanto unidade territorial gerida pelo MPLA é uma continuação da visão colonial de Estado, que apenas fez substituições conceituais de República Portuguesa, para República Popular de Angola e de província do Ultramar, para província de Benguela, Luanda, Huambo, etc., mas mantendo a mesma matriz de Estado positivista colonial ocidental, que subjuga, discrimina, escraviza os Estados autóctones, que integram o tecido territorial angolano.

Agostinho Neto foi incompetente, em chamar, em 1975, os vários povos, através dos seus representantes, para em conjunto ser esboçado um novo e verdadeiro “ente-jurídico”.

Um Estado, parido com base na verdadeira vontade, realidade, cultura, tradição, culinária, língua, gemeres e quereres dos vários povos e micronações, que integram a geografia territorial angolanas.

Este traço de angolanidade descomplexada e não submissa à visão e ditames ocidentais não foi esboçada, por Agostinho Neto, logo, não pode repousar, na mente da maioria de uma juventude, cujos pais, nascidos depois de 1975, não têm um diploma de mais-valia da independência capaz de lhes garantir escolaridade e saúde públicas de qualidade, bem como oportunidades iguais.

Garantidamente, do ponto de vista da história e do direito, os jovens, que subiram, em sinal de protesto, na estátua de Agostinho Neto, não cometeram nenhum crime, nenhuma infâmia, pois eles não podem vincular-se a imagem de alguém, cuja história, tem muitas zonas sombrias, por escrutinar.

Agostinho Neto é para estes jovens, comprometidos e vinculados ao presente e ao futuro, o mesmo que António de Oliveira Salazar, fascista português, representava para os jovens percursores da luta de libertação nacional, contra o colonialismo português.

Ambos negavam as liberdades e a livre escolha, quer em Portugal, dos portugueses, que viu, milhares de jovens intelectuais terem de fugir, para o exílio ou serem covardemente, assassinados, como Humberto Delgado e, em Angola, onde muitos, para dar um fim ao colonialismo tiveram de pegar em armas, ser considerados terroristas, não terem os seus movimentos reconhecidos, pela justiça colonial, para alcançar a independência.

Ambos oprimiam, discriminavam, prendiam, assassinavam, mandavam para as guerras e exploravam, os seus povos, logo têm, quem os idolatra, como os vilipendia, ainda hoje, é a filosofia da política.

Estranho é que o MPLA que não respeita a sua própria história, pois, ao longo dos anos, a vem descaracterizando, como no caso de não reconhecer a paternidade de um texto perspectivo de Viriato da Cruz, quanto à necessidade de unidade dos nacionalistas e o transformar, em data da sua fundação, agora, vir exigir, aos outros, respeito as suas elucubrações.

Se o MPLA é, culturalmente, useiro e vezeiro em desrespeitar a sua própria história; Agostinho Neto expulsou, assassinou, dividiu, difamou, na praça pública, os líderes fundadores: Mário Pinto de Andrade, Viriato da Cruz, Gentil Viana, Matias Migueis e, mais recentemente, João Lourenço, no estrangeiro, em clara violação dos estatutos do seu partido, vilipendiou, “marimbondalmente” o presidente emérito, os seus dirigentes, de serem todos uma quadrilha de delinquentes, criminosos e corruptos, tem agora moral de exigir aos jovens, que se manifestaram, em nome do futuro, do direito de constituir uma família, de ter uma casa, uma educação e saúde condigna, respeite quem, um dia, sadicamente, matou o sonho dos seus pais, avós e tios? NÃO!

Nenhum assassino deve exigir respeito de quem não faz parte do seu séquito de malfeitores, nem dele se orgulhe.

Como o MPLA, um partido político com mais corruptos por metro quadrado, dentre os quais se destaca, a filha primogénita (do alegado líder fundador da nação, Agostinho Neto), Irene Neto e o genro, Manuel São Vicente (com um bagulho ilícito, segundo a PGR, do próprio MPLA de mais de 1 (um) bilião (mil, milhões) de dólares, no rolo dos delapidadores do erário público, tem moral de exigir respeito?

Como exigir destes jovens, respeito pela Polícia Nacional, quando esta fala, não como órgão do Estado, mas de extensão partidocrata do MPLA, cujo comandante geral e subordinados o defendem, publicamente, com obstinação desmedida, basta ler as declarações no 11.12, do porta-voz da Polícia de Luanda, Nestor Goubel: “O Largo da independência para nós carrega um simbolismo muito forte, porque é aí onde está o líder fundador da nação”, posicionando-se como se de verdadeiro militante e membro de CAP do partido no poder, se tratasse.

O MPLA tem, se tiver higiene intelectual, primeiro, resolver o seu passivo, enquanto partido prenhe de corruptos e incompetentes, pedir desculpa aos angolanos, pelos altos índices de pobreza, fome, desemprego e miséria, a que os submete, ao longo de 45 anos, com uma elevada factura de discriminação e assassinato de inocentes.

Eu sou solidário com os jovens, de ANGOLA e do mundo, sempre que em causa estiver a defesa de estátuas, em homenagem à homens justos, honestos, democratas, verdadeiros combatentes pelas liberdades, desapegados ao poder, percursores de constituições cidadãs, cunhadas com órgãos e instituições fortes, tementes à Justiça e a N’Zambi.

Finalmente, na extensão da solidariedade, como defensor de um verdadeiro Estado de Direito e democrático (que Angola teima em não ser, por ser, a imagem e semelhança do ocidente), comprometido com um sistema judicial e judiciário imparcial (diferente do implantado pelo MPLA, onde a justiça é submissa e partidocrata), não sou, nunca serei, defensor de estátuas de assassinos, genocidas e nazistas, por mais que os seus seguidores, tentem polir, os respectivos consulados.

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